AMBIENTE BRASIL: PINHEIRO DO PARANÁ: IMPORTANTE SÍMBOLO DO BRASIL_3
Realidades Sociológicas
(O pinheiro e o índio na posse do planalto meridional brasileiro)
(O pinheiro e o índio na posse do planalto meridional brasileiro)
Uma árvore, uma história. Uma luta inglória pela posse da terra: A extinção de um gigante do Brasil meridional |
Sangue derramado, uma luta
inglória é parte de nossa história. O índio brasileiro saiu de remotas brenhas circula
em nossas entranhas,
vivo e altaneiro. |
A floresta de pinheiros no planalto meridional brasileiro está associada à ideia da vigência de um período geoclimático mais frio/seco, mergulhado no túnel do tempo Quaternário.
Segundo a literatura pertinente, ao longo das eras e períodos geológicas, o clima regional vem evoluindo para a fase atual bem mais quente/úmida.
Esta evolução climática no Planalto favorece o desenvolvimento e o avanço da flora tropical (do clima quente/úmido) sobre a flora de clima temperado (mais frio/menos úmido). A flora temperada com desenvolvimento mais lento tende a ser substituída pela tropical de crescimento mais rápido.
Este interessante fenómeno de substituição ainda podia ser observado com frequência, há algumas décadas, em diferentes situações geográficas planaltinas através de encraves remanescentes da chamada "mata preta", dispersos no domínio da "mata branca."
A "mata branca" avança prioritariamente sobre os vales dos rios que descem do Planalto; avança sobre ambientes mais quentes/úmidos, aqueles mais favoráveis às florestas do que os do planalto, caracterizados por fisionomias mais campestres.
Uma pergunta comum: por que a mata do pinheiro araucária, chamada "mata preta", de origem temperada, desaparece destes vales, se os vales são melhores para o desenvolvimento de floresta? Pinheiro não gosta de ambiente bom?
A resposta mais coerente: Ele gosta sim, porem lhe foi subtraído.
A mata tropical (mata branca) naturalmente mais adaptada, climaticamente favorecida, desenvolve-se mais rapidamente, impedindo o desenvolvimento da "mata preta" (de pinheiros); o pinheiro árvore heliófila por excelência, amiga da luz, sucumbe muito mais facilmente quando submetida à umbrofilia (sombreamento).
O pinheiro e o índio: um sonho incrível
Crianças Caingangues plantam pinheiro: Uma luta conjunta pela sobrevivência |
Se o reino vegetal é marcado pela dura luta em que prevalece o mais apto, favorecido por condições ambientais, que dizer da relação entre nós, seres humanos? Como se comportou o índio diante do avanço da civilização europeia, diante da invasão do planalto meridional brasileiro pelo homem branco?
Em minhas humildes observações e análises fui conduzido a comparar o índio com o pinheiro araucária. Ambos têm muito em comum.
Pinheiro e índio ficaram, um e outro, naturalmente defasados ante a evolução ambiental, diante das mudanças climáticas, um, e sócio-tecnológico-culturais globais, o outro.
Interessante observar que o homem branco também alcançou o planalto pelos vales; veio de longe dominou o litoral e galgou o planalto, dizimando os redutos indígenas aquartelados, protegidos nas alturas planaltinas mais inacessíveis.
Índio não gosta de terra boa? Gosta sim, mas elas lhe foram subtraídas.
O homem branco se impõe, conquista e coloniza as terras mais acessíveis e férteis; salvo raras exceções, sobram ao índio apenas os solos pedregosos das alturas frias, ambiente em geral inóspito e quase inacessível.
O sonho, a descoberta
Certa vez, em uma de minhas viagens de estudo pelo planalto meridional, no estado do Paraná, fiquei impressionado com uma descoberta.
Acompanhando o experiente pesquisador, o Prof. Roberto Miguel Klein, do Herbário Barbosa Rodrigues de Itajaí-SC, fui conduzido a compreender um fenómeno fito-sociológico importante, a distribuição do pinheiro brasileiro na região sul do Brasil.
O Prof. ia mostrando e eu registando as observações sobre o ambiente e a cobertura vegetal.
Depois de duas semanas de rodagem, andanças, sofrimento e observações, por estradas difíceis, subindo e descendo morros, já no avançado do dia, alcançamos uma tribo de índios, isolada nas duras montanhas de Ortigueira, a Reserva de Queimadas, a 172 Km. de Maringá.
Não havia mais opção, tivemos que pernoitar ali. Havia um punhado de casas de taboas de pinho onde fomos recebidos e acomodados com cordialidade.
Comemos o lanche que levávamos e fomos acomodados para dormir. Cansados, e mergulhados na silenciosa solidão da tribo, dormimos imediatamente.
Enquanto dormíamos, acendeu-se me um sonho, um turbilhão de questionamentos; uma revolução abraçou-me a memória sacudindo e interligando os filamentos das inúmeras ideias e pensamentos com que nos havíamos ocupado na viagem, até ali.
A inquietação evoluiu, as ideias confluíram e os pensamentos se arranjaram de tal modo que me veio uma revelação, uma espécie de visão esclarecedora do que havia ocorrido com o pinheiro Araucária e com o Índio brasileiro.
Do olho do furacão mental surgiu uma luz esclarecedora que me despertou.
Eufórico, como nunca, levantei-me, despertei o amável Prof. que dormia ao lado, exclamando, bem alto: Eureka, Prof.!!... Agora, entendi tudo...
Depois de duas semanas de rodagem, andanças, sofrimento e observações, por estradas difíceis, subindo e descendo morros, já no avançado do dia, alcançamos uma tribo de índios, isolada nas duras montanhas de Ortigueira, a Reserva de Queimadas, a 172 Km. de Maringá.
Área da Reserva Caingangues Queimadas-Ortigueira-Pr. |
Não havia mais opção, tivemos que pernoitar ali. Havia um punhado de casas de taboas de pinho onde fomos recebidos e acomodados com cordialidade.
Comemos o lanche que levávamos e fomos acomodados para dormir. Cansados, e mergulhados na silenciosa solidão da tribo, dormimos imediatamente.
Enquanto dormíamos, acendeu-se me um sonho, um turbilhão de questionamentos; uma revolução abraçou-me a memória sacudindo e interligando os filamentos das inúmeras ideias e pensamentos com que nos havíamos ocupado na viagem, até ali.
A inquietação evoluiu, as ideias confluíram e os pensamentos se arranjaram de tal modo que me veio uma revelação, uma espécie de visão esclarecedora do que havia ocorrido com o pinheiro Araucária e com o Índio brasileiro.
Do olho do furacão mental surgiu uma luz esclarecedora que me despertou.
Eufórico, como nunca, levantei-me, despertei o amável Prof. que dormia ao lado, exclamando, bem alto: Eureka, Prof.!!... Agora, entendi tudo...
E ele, que dormia sossegado, agora, espantado, com a minha atitude, perguntava-me de olhos arregalados: entendeu tudo o que?...
Então, em plena madrugada, sentados frente a frente nas modestas camas da tribo, fomos repassar as intrigantes e comoventes histórias de dois importantes representantes das terras do Brasil, dois símbolos inesquecíveis do nosso país: o índio e o pinheiro.
O índio e o pinheiro brasileiro tombaram vítimas circunstanciais de uma luta desigual, vítimas da própria incapacidade de resistir e de existir; vítimas em um planeta cada vez mais quente/úmido; vítimas em um mundo cada dia mais capacitado em destruir e usufruir; vítimas em um mundo desafiador, sem sentido e sem porvir; vítimas em um mundo cada dia mais alheio aos desígnios do seu Criador.
Pinheiro brasileiro é uma espécie em extinção como tantas outras, do rico patrimônio floral de nosso país.
Descobrimento do Brasil em 1500: |
Pindorama para os índios e Terra de Vera Cruz para os portugueses
http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/nomes_do_brasil.htm
Depois, Brasil, por causa da grande quantidade de madeira cor de brasa.
O índio brasileiro, uma raça que não se pode dar por extinta porque, se não resistiu o suficiente para manter-se soberanamente, entranhou-se nas veias de seu algoz e perpetua-se nas diferentes expressões genéticas e culturais, com o pé firme na terra-mãe que deixou de se chamar Pindorama para ser Brasil; um pais mesclado, cor de brasa, que queremos soberano, justo, forte, sábio e belo.
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