PEPITAS DE OURO DA ESTRADA DA VIDA: RAIMUNDA E PEDRO: CAMINHO DO ENGENHO E DA ROÇA

CAMINHO DE ROÇA TEM COBRA

(Lembrando o convívio e a lida familiar, na Trindade)

Minha estimada irmã e comadre
 Raimunda Furtado Leite da Cruz (Fto., por volta de 1960?)

Meu estimado primo, cunhado e compadre Raimundo Quinco. 
Uma cortesia do seu filho Eliseu. (Fto. década 1960 (?), restaurada).




Residindo na Trindade, nos idos de 1940, minha irmã Raimunda e seu marido, meu primo e compadre Raimundo Quinco, integraram-se aos afazeres gerais da família: na casa, na roça e no engenho. 


A luta da roça tinha início com a derrubada e broca do mato; a queima e a limpeza (coivaramento) de resíduos; operações, geralmente, realizadas entre setembro e outubro de cada ano. Seguia-se o plantio, principalmente, de arroz e milho; depois, de janeiro a março, a capina. A colheita, geralmente, ocorria entre março e maio. 


De modo geral, cedo os homens partiam para a roça e só retornavam à tardinha. O almoço lhes era levado ao meio dia. Eles almoçavam numa cabana improvisada ou embaixo de alguma árvore frondosa da beira do roçado onde, geralmente, mantinham alguma cabaça com água potável e pedra de amolar facão.


Raimunda, muitas vezes, era a responsável por fazer chegar até eles o precioso alimento condicionado numa grande bacia de alumínio amarrada em pano de prato. 


Geralmente, eu era convocado para lhe ajudar a carregar o almoço, fazendo-lhe companhia na caminhada, às vezes, longa e difícil.


Certa vez, levavamos o almoço ao pessoal que trabalhava na roça, para o lado do Brochado, região de várzea do rio Mearim, bastante afastado de casa. Eu ia à frente, Raimunda me seguia, cada um com sua bacia de alimento acomodada numa rodilha de pano sobre a cabeça.


Iamos apressados quando, de repente, uma enorme cobra caninana, colubrídeo (Spilotes p. pullatus), surgiu aos meus pés. Gritei e dei um enorme salto para trás, atirando a bacia de comida sobre Raimunda. A beirada da bacia machucou-lhe a boca, quase quebrei-lhe os dentes. E não é preciso dizer como foi que ficou a comida depois desse tombo. Misturou-se tudo dentro do pano: arroz, feijão, galinha assada, torresmo e outros complementos.


Ainda bem que ficou tudo dentro do pano e foi possivel aproveitar.


Comentários

Auzair Leite disse…
Nossa! tio, Li e reli esse epsódio e viajei com voce todo trajeto do conto. Adoro! a sua privilegiada memória. Que saudade que me deu da nossa Pedreiras heim? Conte maissss vaiiiiiiii! TIO. Saudades!!

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